Benefícios para os animais

Cerca de 60 biliões de animais são criados e massacrados anualmente para alimentar os humanos, segundo o Worldwatch Institute. Destes, quase 70% em regime de pecuária intensiva, que os sujeita a uma crueldade inimaginável. As fêmeas são engravidadas à força, as crias retiradas das mães, os porcos são castrados a frio à nascença, são engordados com dietas à base de proteínas, muitas vezes são mal-tratados e torturados. Vivem em espaços onde mal se podem mexer, nalguns entre milhares de indivíduos, o que leva, no caso das galinhas por exemplo, a que vejam os seus bicos serem cortados para não se magoarem mutuamente. Para se manterem saudáveis, são medicados regularmente com antibióticos, que acabam por entrar na nossa cadeia alimentar.

Estes animais vivem as suas curtas vidas num ambiente stressante, violento, demasiado populoso e frequentemente pouco higiénico.

Peixe também é carne

Frequentemente esquecidos, os animais aquáticos são das maiores vítimas do ser humano.

Muitos de nós acreditam que os peixes não sentem qualquer emoção nem têm memória sequer, mas essa ideia baseia-se mais em preconceitos do que em factos científicos.

Na verdade, a professora Victoria Braithwaite, uma bióloga especializada em cognição e comportamento dos peixes, concluiu, após anos de investigação, que os peixes respondem à dor e que, ao serem tratados com morfina (que é usada para aliviar a dor em humanos), eles passam a agir normalmente. Segundo a investigadora, agora há evidência suficiente para aceitarmos que os peixes, tal como as aves e os mamíferos, têm a capacidade de experienciarem emoções positivas e negativas, ou seja, prazer e sofrimento. [1] Assim sendo, os peixes, ao serem pescados, passam por um grande sofrimento enquanto sufocam até à morte. Sim, porque para quem não sabe ou já se esqueceu, é assim que eles morrem. Com falta de ar.

Motivados pela elevada procura de peixes, os barcos pesqueiros têm varrido o fundo dos oceanos com extensas redes, capturando, juntamente com os peixes, animais como tartarugas, golfinhos, focas, baleias e pássaros marinhos, que são atirados novamente para o mar já mortos ou moribundos. A indústria pesqueira classifica isto de “captura incidental”.

Só a título de exemplo, numa pesca de camarão por arrasto são deitados borda fora 80 a 90% dos animais marinhos capturados, sendo muitos deles espécies em risco. [2] Um estudo de 2006 indica que, se a situação se mantiver, em 2048 não haverá mais peixes nos oceanos. [3] Existem ainda muitos peixes que são criados em cativeiro, poluindo os oceanos com resíduos. Para ter uma ideia, um viveiro de peixe normal liberta uma quantidade de fezes equivalente à de uma cidade de 65 mil pessoas a despejar os seus esgotos sem tratamento directamente no oceano. [4] Será que compensa? Estas são algumas das razões para que, nas suas Segundas sem carne, exclua igualmente a carne dos animais marinhos das suas refeições.

[1] Victoria Braithwaite, Do Fish fell Pain? Oxford University Press, 2010.

[2] Jonathan Safran Foer, Comer Animais, Bertrand, 2010, p. 53.

[3] CBSNews, Salt-Water Fish Extintion Seen by 2048, http://www.cbsnews.com/2100-500368_162-2147223.html

[4] Elizabeth Rogers e Thomas Kostigen, O Livro Verde, Estrela Polar, 2008, p. 112.

Deixe uma resposta